Após chorar no show em São Paulo, Belo canta com Soweto no Rio e diz: ‘Ninguém é de ferro. Continuarei acreditando no amor’

Depois do show de Madonna em Copacabana, um outro evento vai movimentar o Rio no domingo: a turnê de 30 anos de carreira do Soweto, com Belo de volta aos vocais, na Praça da Apoteose. O grupo faria dois shows na cidade, nos dias 4 e 5, mas teve que cancelar a primeira data por orientação das autoridades públicas. A única apresentação no Rio vai reunir milhares de fãs do grupo, que tem ainda Claudinho, Crisevertom e Dado Olliveira.

— Para a gente, o cancelamento do primeiro dia foi uma surpresa, mas era uma questão técnica. Não haveria contingente policial para os dois eventos no sábado — detalha Claudinho, que completa: — Madonna é querida no mundo todo, uma grande artista. Eu iria com certeza ao show, mas vou trabalhar em São Paulo.

Se a Rainha do pop reúne uma multidão, os fãs de Soweto também se mostram empolgados. No Allianz Parque, em São Paulo, o grupo atraiu 50 mil pessoas num dia e 45 mil no outro. Tudo porque o pagode dos anos 90 deixou uma marca na história da música brasileira, e eles foram um dos protagonistas desse movimento. Belo destaca a felicidade em ver o grupo se reinventar:

— O Soweto é um marco da música brasileira, um dos principais e mais simbólicos grupos do pagode, marcando gerações. Ao longo desses 30 anos, muitas coisas mudaram, a música passou por atualizações, mas a gente fez com que o público continuasse conectado com as canções, mesmo com o passar do tempo. Isso é emocionante e especial.

Foi justamente cantando “Reinventar” que o cantor, recém-separado de Gracyanne Barbosa, se emocionou e foi às lágrimas no Allianz Parque. A cena repercutiu e emocionou tanto o público quanto os outros integrantes.

— Às vezes eu mesmo me escuto para lembrar de algumas coisas e me emociono. Ninguém é de ferro. Acredito no amor e continuarei acreditando. É ele que me move e sempre será assim — diz o cantor.

Claudinho lembra que o momento em que Belo chorou foi marcante para o grupo:

— Ele passa por um momento de forte emoção e conseguiu demonstrar isso na música. Belo é um grande intérprete, mas com esse ‘‘Q’’ além, tocou ainda mais as pessoas e a gente. Não tem como não se emocionar.

Claudinho elenca outros grandes momentos do show:

— É impressionante a energia que “Derê” tem. Quando tocamos “Tempo de aprender” e “Mundo de Oz” também é legal.

Da Zona Leste de São Paulo, o grupo tocou por dez anos em barzinhos até conseguir a primeira oportunidade de gravar um disco. O sucesso chegou, mas logo veio o primeiro baque: a morte de Robson Buiú, um dos vocalistas. Belo, então, assumiu os vocais, posição em que ficou até 2000, quando deixou o grupo para seguir carreira solo.

— Buiú era um dos fundadores do Soweto. Quando a gente pensava em desistir, ele não deixava. Se hoje o Soweto é uma realidade, devemos muito a ele, que partiu justamente quando a gente conseguiu entrar para uma grande gravadora, depois de todo aquele sofrimento. E a saída do Belo foi o maior desafio. O Soweto era uma família, e a gente respeitou a decisão dele, mas a partida sempre dói. Só que o show tem que continuar. E é por isso que esse reencontro com ele tem um poder.Era uma oportunidade que não poderíamos perder nunca — diz Claudinho, que, depois de tudo isso, afirma ter um sentimento de missão cumprida: — Hoje quando a gente olha para o tamanho do público que o Soweto tem, que vai do vovô ao neto curtindo junto, a gente se sente realizado. Foi até um pouco além das nossas expectativas