Justiça nega registro de candidatos ligados à milícia em Belford Roxo

A Justiça Eleitoral indeferiu o registro de candidatura de dois candidatos ao cargo de vereador de Belford Roxo, na Baixada Fluminense, por envolvimento com a milícia. Luiz Eduardo Santos de Araújo, do Partido Liberal (PL), e Fabio Augusto de Oliveira Brasil, do MDB, tiveram as candidaturas negadas pela 154ª Promotoria Eleitoral. Os dois já são vereadores e tentariam reeleição para mais um mandato.

Segundo o Ministério Público do Rio, Luiz Eduardo Santos de Araújo foi condenado a oito anos de reclusão por integrar um grupo paramilitar que atua na Baixada Fluminense. Na decisão pelo indeferimento da candidatura, a Justiça Eleitoral pontuou que “nos autos do aludido processo, que já possui sentença condenatória, pendente apenas do julgamento dos recursos interpostos, inclusive pelo requerente, foi possível identificar trecho da sentença que indica a efetiva participação do requerente no grupo criminoso”.

A milícia da qual Araújo é acusado de ser integrante age, segundo o MP, na “venda de cigarros falsos, exploração de gatonet e transporte irregular” e é responsável por “vários homicídios ocorridos na região com o intuito de ‘manter a ordem local’ e deterem o domínio ilegítimo de território com o intuito de auferirem vantagens patrimoniais ilícitas”. 

Já Fabio Augusto de Oliveira Brasil, conhecido como “Fabinho Varandão”, que também teve a candidatura negada, já foi denunciado por prática de extorsão e porte ilegal de arma de fogo. Segundo o MPE, ele estava em disputa territorial pelo controle desses serviços em Belford Roxo e exerce monopólio ilegítimo da distribuição de sinal de internet em bairros da região. 

Segundo uma investigação da Polícia Civil e do Ministério Público do Rio (MPRJ) que o levou à prisão, em dezembro de 2018, ele circula com homens armados por Belford Roxo e ameaça empresários que tentam oferecer serviços de internet. 

Um empresário que havia acabado de abrir uma empresa de internet em Belford Roxo contou em 2018 à polícia que Fabinho Varandão foi até a sua casa dois anos antes com “seis homens armados”, interrompeu a festa de aniversário de 20 anos de seu filho e o ameaçou. “Brasil, ao chegar, desembarcou do carro com uma pistola na mão e a guardou na cintura”, disse a vítima. Em seguida, o acusado foi até o empresário e disse, segundo o depoimento: “Estou sabendo que você está montando um provedor de internet, está cabeando na minha área, pode tirar tudo que a área é minha”.

Depois da ameaça, os convidados da festa foram embora, “diante de tamanho constrangimento”, contou a vítima. O empresário ficou com medo e tirou todo o equipamento do local. 

O vereador foi solto em julho de 2019 e, desde então, responde ao processo em liberdade, precisando comparecer mensalmente ao fórum da cidade. Em 2020, ele foi reeleito como vereador mais votado de Belford Roxo, após fazer campanha com Waguinho. As acusações não impediram Varandão de ganhar vários cargos na prefeitura de Belford Roxo após a reeleição. Desde 2021, ele foi nomeado, pelo prefeito, secretário de Defesa Civil, da Pessoa com Deficiência e, em maio de 2022, de Ciência e Tecnologia.

Fonte: Extra