A Coordenadoria de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde de Petrópolis confirmou 13 casos de coqueluche em diversas áreas do município, enquanto outros casos ainda estão sob investigação. “Até o momento, as análises não identificaram ligações epidemiológicas de contaminação em escolas. Dentre os casos confirmados, houve três contatos entre pacientes, todos com transmissão dentro do domicílio”, informou a Secretaria ao Diário.

Ações de Controle

Além das investigações e coletas laboratoriais, a Vigilância Epidemiológica tem orientado as unidades de saúde locais. Nos casos envolvendo estudantes, uma equipe de imunização visita as escolas para avaliar possíveis suspeitas, fornecer informações, revisar a situação vacinal e atualizar as vacinas, se necessário. As escolas estão informando pais, alunos e a comunidade sobre os cuidados, recomendando que crianças doentes fiquem em casa até que a coqueluche seja descartada por um profissional de saúde.
Situação no Estado
No último mês, a Secretaria de Estado de Saúde emitiu um alerta para reforçar a vacinação contra a coqueluche, especialmente para gestantes e mulheres em pós-parto, após a morte de três bebês menores de seis meses no Rio de Janeiro. No estado, já foram registrados 230 casos da doença.
Sintomas da Coqueluche
De acordo com o Ministério da Saúde, a coqueluche é uma infecção respiratória transmissível causada pela bactéria Bordetella pertussis, e ocorre em todo o mundo. A doença apresenta três fases: a fase catarral, com sintomas leves que lembram uma gripe, como coriza, febre, mal-estar e tosse seca; a fase paroxística, caracterizada por crises intensas de tosse, seguidas de uma inspiração prolongada e episódios de vômito e dificuldade para respirar; e a fase de convalescença, onde os sintomas de tosse começam a diminuir.
O médico infectologista Edimilson Migowski, professor e responsável pelo Laboratório de Inovação em Saúde Pública (Lisp) da UFRJ, ressalta que crianças estão no grupo de risco, com possibilidade de apneia, parada cardiorrespiratória e desnutrição em casos mais graves.
Importância da Vacinação
A falta de vacinação é um fator de risco significativo para a coqueluche, tanto em crianças quanto em adultos. Embora exista tratamento, a doença pode ser fatal, especialmente em bebês com esquema vacinal incompleto. A vacinação recomendada inclui a pentavalente (para difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e Haemophilus influenzae tipo b) e o reforço com a tríplice bacteriana (DTP) aos 4 anos. Após essa idade, um reforço deve ser feito a cada 10 anos com a vacina dT (para difteria e tétano), sendo que profissionais de saúde tomam o reforço com a dTpa. Para gestantes, a vacina dTpa deve ser aplicada a cada gestação, garantindo proteção ao bebê nos primeiros meses de vida.
“Crianças sem esquema vacinal completo e adultos vacinados há muito tempo são mais propensos a desenvolver sintomas. A vacina é eficaz, mas perde a ação ao longo dos anos, daí a importância da revacinação a cada 10 anos”, alerta o especialista, destacando que o Sistema Único de Saúde oferece a vacina gratuitamente apenas para crianças e gestantes.
Cobertura Vacinal em Petrópolis
Em Petrópolis, a Secretaria de Saúde informou que a cobertura vacinal atual é de 88,88% para menores de um ano, 81,89% para maiores de um ano, e 38,26% entre gestantes. A pasta reforça que a atualização vacinal é essencial para evitar a coqueluche e outras doenças, especialmente para gestantes a partir da 20ª semana de gestação.
Diagnóstico e Transmissão
A coqueluche é diagnosticada por meio de exame laboratorial, realizado através da coleta de secreção nasofaríngea antes do início do tratamento com antibióticos. A transmissão ocorre, principalmente, na fase inicial da doença e em ambientes com aglomeração. A bactéria é transmitida pelo contato direto com gotículas de saliva expelidas pela tosse, espirro ou fala de pessoas infectadas, e também pode ocorrer por objetos contaminados. O paciente é contagioso do 5º dia após a exposição até a terceira semana de tosse paroxística, mas o tratamento com antibióticos reduz a transmissão para cerca de 5 dias.
Tratamento e Notificação
O tratamento para a coqueluche inclui o uso de antibióticos, conforme orientado pelo Guia de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde. O diagnóstico e tratamento devem ser iniciados assim que surgirem os primeiros sintomas. Além disso, a coqueluche é de notificação compulsória e precisa ser registrada no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), além de ser reportada aos órgãos de vigilância estaduais e municipais.
Orientações para a Comunidade Escolar
As unidades escolares que precisarem de orientações adicionais podem contatar a Vigilância Epidemiológica de Petrópolis pelos telefones (24) 2246-6797 ou 2246-9194.
Fonte: Diário de Petrópolis