O técnico de informática Lourival Correa Netto Fatica, assassino confesso da advogada e estudante de Psicologia Anic de Almeida Peixoto Herdy, de 55 anos, premeditou o crime e comprou horas antes do assassinato, ocorrido entre o fim da manhã e o início da tarde do dia 29 de fevereiro de 2024, em Petrópolis, na Região Serrana, fita isolante e uma abraçadeira (fitilho plástico). A informação consta num relatório de inquérito sobre a segunda fase das investigações da morte de Anic.
Segundo o documento, assinado pela delegada Cristiana Onorato Miguel, lotada na 54ªDP(Belford Roxo) e que começou a investigar o caso quando estava à frente da 105ªDP(Petrópolis), a fita isolante foi usada por Lourival para evitar que a advogada gritasse. Já o segundo objeto foi usado para o assassino apertar o pescoço da advogada, que morreu por asfixia mecânica.

O relatório também menciona que uma algema teria sido usada para impossibilitar uma reação de Anic. O inquérito, instaurado a pedido do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) para apurar denúncia apresentada pelo técnico de informática, que alegou ter assassinado a advogada a mando de Benjamim Cordeiro Herdy, marido da estudante, não encontrou provas de que a alegação era verdadeira. Segundo Lourival informou, ao ser ouvido na Vara Criminal de Petrópolis, quando confessou o crime, em setembro de 2024, câmeras de segurança da casa de Benjamim teriam flagrado uma conversa onde o esposo da vítima encomendaria o crime.
O resultado de uma perícia, feita nas câmeras da residência, mais precisamente nas posicionadas numa varanda, não encontrou imagem da suposta conversa ou negociação.
O documento informa que Lourival, após matar Anic em um motel, em Itaipava, no município de Petrópolis, comprou cimento para concretar o corpo e sepultar a vítima em pé, na sapata de um muro da casa onde morava, em Teresópolis. Em seu depoimento prestado à Justiça, Lourival alegou que usou o fitilho plástico para apertar o pescoço da advogada na tentativa de estancar o sangue da vítima, após ele ter desferido um soco na traqueia da estudante.
Já a advogada Flávia Froés, que faz parte da defesa de Lourival, diz que concorda com um parecer da perícia, feito no laudo de reprodução simulada do crime, quando os peritos concluíram que houve um feminicídio. Sobre o fato de outra perícia não ter encontrado nas câmeras da casa de Benjamim, provas da conversa de Lourival e do marido de Anic, como o acusado alegou, a defesa diz que só se pronunciará após ter acesso ao respectivo laudo.
Anic de Almeida Peixoto Herdy foi vista com vida pela última vez ao sair de um shopping, em Petrópolis, no dia 29 de fevereiro de 2024. Ele teria entrado num carro dirigido por Lourival Fatica, ficando sentada na parte traseira do veículo. Segundo as investigações, o casal foi para um motel, em Itaipava, onde o crime ocorreu. Em seguida, o técnico de informática transportou o corpo em um carro e o sepultou na casa onde morava, em Teresópolis.
Na noite do dia 29 de fevereiro de 2024, horas após Anic ter sido morta, Benjamim Cordeiro Herdy recebeu, em seu telefone, uma mensagem de texto exigindo R$ 4,6 milhões pelo resgate da mulher. Parte do dinheiro foi paga em bitcoin e em quantias depositadas em 40 contas de doleiros e de comerciantes do Paraguai. No dia 11 de março, o pagamento foi totalmente concluído com dinheiro em espécie.
Na ocasião, Lourival usou R$ 500 mil em espécie para comprar uma picape de luxo. Outra parte do resgate foi usada para adquirir uma motocicleta e ainda 950 celulares. Esta última compra foi feita numa loja de um comerciante, no Paraguai.
Como Anic não regressou, a família da vítima registrou o caso na 105ªDP(Petrópolis) no dia 14 do mesmo mês. Dias depois, Lourival foi preso. Ele era considerado amigo da família da vítima e se apresentava como policial federal, sem nunca ter feito parte da corporação.
O MPRJ chegou a tipificar o caso como extorsão mediante sequestro com resultado morte. Mas, após um aditamento da denúncia, tipificou o crime como homicídio triplamente qualificado e extorsão.
Os irmãos Maria Luiza e Henrique Vieira Fadiga, filhos de Lourival, e Rebecca de Azevedo Souza, ex-namorada do técnico de informática, chegaram a ser presos por suspeita de participarem de alguma forma da trama que acabou com a morte de Anic. Eles, no entanto, foram soltos e aguardam em liberdade ao andamento do processo.
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