Quem achava que os times brasileiros iriam para a Copa do Mundo de Clubes da Fifa para aprender com os europeus enganou-se tão redondamente quanto uma bola de futebol. O país com mais clubes no torneio — sendo três do estado do Rio de Janeiro — está fazendo bonito no torneio intercontinental e mostrando ao mundo o protagonismo que ocupa no esporte mais popular do planeta.
Flamengo, Botafogo, Fluminense e Palmeiras fecharam a segunda rodada do torneio liderando seus grupos com autoridade, técnica e muita garra. No Grupo D, o Flamengo não apenas já está garantido nas oitavas de final, como assegurou o primeiro lugar com uma rodada de antecedência. O Rubro-Negro pôs os ingleses do Chelsea na roda, apresentando um elenco afiado e um treinador com ótima capacidade de leitura de jogo.

Embalado pelo Campeonato Brasileiro e pela Libertadores de 2024, o Botafogo também lidera seu grupo e surpreende os analistas com atuações taticamente organizadas e ofensivamente criativas. Já o Palmeiras demonstra mais uma vez por que é um dos clubes mais regulares do continente sul-americano.
Outro que vem mostrando força é o Fluminense. Embora tenha empatado na estreia, o Tricolor dominou o Borussia Dortmund, com controle das ações e chances claras de gol. A bola não sacudiu a rede por mero capricho do destino. Na segunda rodada, veio a vitória e, com ela, a liderança do grupo. O estilo de jogo propositivo e a personalidade da equipe comandada por Renato Gaúcho têm encantado até torcedores estrangeiros.
Além da garra e da técnica de quem entra em campo, o bom desempenho dos clubes brasileiros é reflexo de um fator cada vez mais determinante no futebol moderno: o equilíbrio financeiro. Colhem os frutos equipes com gestão profissionalizada e planejamento estratégico. Isso lhes permite não apenas manter seus principais talentos, mas também ir ao mercado com força, buscando reforços pontuais e competitivos, tanto no cenário nacional quanto internacional.
Ter as finanças em dia permite ousadia com responsabilidade. Flamengo e Palmeiras, por exemplo, vêm investindo pesado há anos em infraestrutura, categorias de base e elencos de alto nível, sustentados por receitas robustas de bilheteria, patrocínios e premiações. Botafogo, após o processo de SAF, ganhou fôlego financeiro e vem contratando com inteligência, enquanto o Fluminense, mesmo com um orçamento menor, tem colhido os frutos de uma gestão que prioriza eficiência e valorização de ativos. No torneio, esse poder de investimento se traduz em elenco forte, banco de reservas qualificado e capacidade de competir em alto nível com qualquer adversário.
Que bonito ver nossos times dar show em campo. O futebol brasileiro continua forte e mais competitivo do que nunca. Com a fase de mata-mata se aproximando, a expectativa cresce. Mas uma coisa já é certa: os brasileiros não estão na Terra do Tio Sam só para participar. Eles foram para vencer.
Mauro Silva/O Dia