A agência das Nações Unidas dedicada ao combate à Aids (Unaids) emitiu um alerta nesta segunda-feira (24) sobre um possível aumento significativo nas infecções por HIV e nas mortes relacionadas à doença, decorrente da suspensão da ajuda externa dos Estados Unidos. Segundo Winnie Byanyima, diretora-executiva da Unaids, essa interrupção abrupta no financiamento pode resultar em 2 mil novas infecções diárias por HIV em todo o mundo, além de um aumento de dez vezes nas mortes relacionadas à Aids nos próximos quatro anos.
A suspensão da ajuda externa dos EUA ocorreu após a posse do presidente Donald Trump em 20 de janeiro, afetando programas vitais como o Plano de Emergência do Presidente para o Alívio da Aids (PEPFAR). Embora o Departamento de Estado tenha afirmado que trabalhos essenciais continuariam, a interrupção no financiamento já está causando o fechamento de clínicas e a demissão de milhares de profissionais de saúde, comprometendo serviços essenciais de prevenção e tratamento do HIV.

Byanyima enfatizou que, se o financiamento da Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) não for retomado ou substituído por outros governos até abril, o mundo poderá enfrentar mais 6,3 milhões de mortes relacionadas à Aids nos próximos quatro anos. Em 2023, foram registradas 600 mil mortes relacionadas à doença, o que indica um possível aumento significativo.
O governo Trump justificou o congelamento do financiamento como parte de sua política “America First”. No entanto, essa medida coloca em risco os avanços conquistados nas últimas décadas no combate ao HIV/Aids, especialmente em países que dependem fortemente da ajuda externa para manter seus programas de saúde.
A Unaids, que recebeu US$ 50 milhões dos EUA no ano passado, representando 35% de seu orçamento, busca agora alternativas para preencher essa lacuna de financiamento e evitar uma crise global na luta contra o HIV/Aids.