Pescador de Atafona que ficou à deriva por 2 dias relata os momentos de angustia: ‘pedi a Deus mais uma chance e ele me deu’

O pescador de Atafona, David Júnior Berto Soares, conhecido como Leandro, de 43 anos, casado, pai de dois filhos, viveu momentos de aflição em alto-mar quando caiu na água enquanto trabalhava.

Leandro contou que saiu de Atafona para pescar e quando chegou ao local de costume, jogou a pargueira e foi amarrar na embarcação. Logo, ele foi surpreendido pelo mar revolto e uma das pargueiras desamarrou. Quando foi tentar alcançá-la, a onda veio e balançou o barco. Nesse momento, Leandro caiu no mar.

“Tentei voltar para o barco, mas não consegui vencer a correnteza. Deixei a força da água me levar enquanto pensava no que poderia fazer. Eu achei que fosse morrer de frio, pois nem dentro d’água eu pensei que fosse morrer afogado. Os barcos passavam e ninguém me via”, destacou.

O pescador relatou ainda que gritava para os navios, mas ninguém o ouvia. “Lembrei das boias do Porto do Açu, pois já trabalhei lá e sabia que tinha acesso para subir. Então, aproveitei a correnteza para me levar e chegar até uma boia. Quando cheguei nela, o sol já estava se pondo. De noite iria ficar muito difícil chegar. Subi na boia e quando deu 23h eu pensei que fosse morrer de frio. Amanheceu o dia, os barcos passavam mais próximos de mim, eu fazia sinal e ninguém me via ou ouvia. Já quando chegou as 12h, deu uma pausa. Não havia ninguém no mar, somente eu e a boia. Nesse momento, falei com Deus para não deixar eu passar mais uma noite aqui. Eu não iria aguentar! Mas, Deus me abençoou que não me deu fome e nem sede. Porém, senti muita fraqueza.”, disse.

O tempo foi passando e cada minuto era de grande valia para Leandro que esperava por um socorro em cima de uma boia em alto-mar.

– O grande choque de todos foi chegar na embarcação e não me encontrar. Uns choraram pensando que eu tinha morrido, mas outros falaram que eu iria conseguir. Vi de longe o socorro chegando no meu barco que estava a 8km de mim. Quando os meus amigos me viram, eles começaram a gritar. Foi emocionante esse momento! Eles me agarraram e jogaram para o barco. Foi preocupação de irmão, sabe! -, afirmou.

Leandro disse sempre ter ficado conversando com Deus a todo momento e com pensamento nos seus filhos.

– Deus me agraciou de eu conseguir chegar até as boias. É muito longe, foram oito quilômetros nadando. Eu sempre lembrava dos meus filhos a todo momento. Falei com Deus para deixar eu ver o crescimento deles. Disse também que se for a minha hora, eu aceito, mas me pedi mais uma chance para meu Deus. Logo, eu senti um fervor, uma força vindo debaixo de mim -, emocionado disse o pescador.

Fonte: Parahybano