Petrópolis perde mais de 60% da superfície d’água em quase 40 anos

O Brasil está ficando mais seco – e o fenômeno também está se repetindo em Petrópolis. Dados do MapBiomas divulgados nessa quarta-feira (26/06) mostram que a cidade perdeu 61,68% da superfície d’água em 38 anos. Em 1985, o município tinha 143 hectares de superfície d’água; em 2023, passou para apenas 55 hectares, ou seja, 88 hectares a menos. 

O número do ano passado é o mais baixo que o MapBiomas já registrou em Petrópolis nessas quase quatro décadas de monitoramento e apenas 65° maior no Rio de Janeiro. A superfície d’água de Petrópolis é formada por 29 hectares de corpos hídricos naturais e o restante por corpos antrópicos, ou seja, onde há armazenamento d’água, como reservatórios. 

Em 2022, eram 73 hectares de superfície d’água em Petrópolis, o que significa uma queda de 24,65% em apenas um ano. 

“A tendência geral é de perda de água. A explicação para esse cenário é complexa e se deve a vários fatores como mudança nos padrões de precipitação, aumento de temperatura, verões mais quentes e mais longos, mudanças no uso do solo”, disse o coordenador técnico do MapBiomas Água, Juliano Schirmbeck, entrevista a DW. 

APA Petrópolis também está mais seco 

O MapBiomas também observou o mesmo processo na Área de Proteção Ambiental (APA) de Petrópolis. Em 1985, a superfície d’água na APA era de 45 hectares, e em 2023, apenas nove hectares (80% de diminuição). A superfície também era maior em 2022 (12 hectares). O dado registrado no ano passado é apenas o 646° entre todas as unidades de conservação ambiental do país. 

Brasil 

O MapBiomas considera superfície d’água o local que fica pelo menos seis meses alagado. Esse monitoramento é feito a partir de imagens de satélites. 

Em todo Brasil, a superfície d’água em 2023 foi de 18,3 milhões de hectares, 3% menos do que no ano anterior. Todos os meses tiveram redução no ano passado. 

Segundo Schirmbeck, essa queda da superfície d’água no país todo produz “significativos impactos ecológicos, sociais e econômicos”. Entre esses impactos, prejuízo para agricultura, abastecimento das casas e geração de energia, aumento de incêndios, entre outros. 

“Essas tendências agravadas pelas mudanças climáticas ressaltam a necessidade urgente de estratégias adaptativas de gestão hídrica”, afirmou. 

Quase todos os biomas brasileiros viram a superfície d’água cair na comparação com a média histórica: Pantanal: -61%; 

Cerrado: -53,4% (apenas corpos hídricos naturais); Pampa: -40%; e Amazônia: -27,5%. Houve crescimento apenas na 

Caatinga (+6%) e na Mata Atlântica (+3%). 

“Em 2023 a Mata Atlântica registrou elevados níveis de precipitação em alguns municípios, levando a inundações em áreas agrícolas e deslizamentos”, comentou Fernando Paternost, do MapBiomas.

Fonte: Diário de Petrópolis