O Tribunal do Júri de Niterói condenou o policial militar Jorge Roberto de Sá Ayres a 10 anos e 10 meses de prisão pelo homicídio qualificado de Ian da Silva Dias, ocorrido em 24 de junho de 2018, durante uma ação policial no Morro do Pimba. O julgamento, conduzido pelo Grupo de Atuação Especializada em Segurança Pública do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (GAESP/MPRJ) e pela Promotoria de Justiça junto à 3ª Vara Criminal de Niterói, terminou na madrugada desta quarta-feira (19/02).
Ian, de 21 anos, foi atingido por três disparos da polícia em meio a um confronto com traficantes. No entanto, os promotores demonstraram ao Júri que o jovem não tinha envolvimento com o tráfico e que os policiais forjaram a cena do crime para incriminá-lo. De acordo com o MPRJ, os agentes colocaram uma arma e uma mochila com drogas junto ao corpo da vítima para simular que ele estivesse armado e participando da troca de tiros.

Além disso, o Ministério Público destacou que Ian possuía severas limitações físicas devido à Síndrome de Marfan, o que tornava impossível sua participação em atividades criminosas na comunidade. Durante o julgamento, as promotoras argumentaram que o policial cometeu o crime por motivo torpe, atirando contra a vítima apenas por suspeitá-la de ser traficante. Também foram evidenciadas as graves consequências do crime, incluindo os danos psicológicos sofridos pela mãe e pela irmã de Ian, que passaram a necessitar de acompanhamento psiquiátrico após o ocorrido.
Ao fixar a pena, o Juízo da 3ª Vara Criminal de Niterói ressaltou o “alto grau de reprovabilidade” da conduta do policial, afirmando que ele “tinha plena consciência da ilicitude do ato, mas não se intimidou em cometê-lo”. O réu cumprirá a pena em regime inicialmente fechado.
Por Jornal do Estado