Polícia Federal abre investigação sobre pagamento de “documento” a pastores de Campos

A Polícia Federal de Campos dos Goytacazes instaurou um inquérito para apurar um esquema de corrupção eleitoral envolvendo o pagamento de “documentos” a pastores da cidade em troca de apoio político. A denúncia, no entanto, apresentada por Thiago Virgílio Teixeira de Souza, aponta que áudios divulgados no grupo de WhatsApp “Juntos Somos Um” expuseram a prática, na qual líderes religiosos estariam recebendo pagamentos mensais em troca de apoio às campanhas da Delegada Madeleine Dykeman e do vereador Marquinhos Bacellar.

Os pastores, de acordo com os áudios, reclamam do atraso no recebimento dos valores prometidos, conhecidos como “documento”, que deveriam ser pagos mensalmente entre os dias 15 e 20. Desde janeiro de 2024, alguns líderes estariam sem receber os valores combinados, o que gerou descontentamento e fez com que o caso viesse a público. Em um dos áudios, um dos pastores expressa indignação ao perceber que alguns membros do grupo estavam sem receber o “documento” desde janeiro. O pastor chama a situação de “safadeza” e “mau-caratismo”.

A investigação da Polícia Federal visa confirmar os detalhes sobre o envolvimento dos pastores e políticos no esquema de compra de votos. A atividade ja estaria em funcionamento há pelo menos sete meses. O delegado Anderson Barcelos de Azevedo abriu o inquérito policial para apurar possíveis crimes previstos no artigo 299 do Código Eleitoral, que trata da corrupção eleitoral.

Denúncia detalha esquema dos pastores

A denúncia detalha, entretanto, que o pastor Roger Araújo, citado como um dos coordenadores do esquema, era responsável pela distribuição do “documento” entre os religiosos. Em mensagens do grupo de WhatsApp, ele acalma os pastores, pede paciência e garante que realizará os pagamentos em breve. Ainda segundo a denúncia, Araújo liderava outros grupos similares, indicando uma rede maior de cooptação religiosa por meio de dinheiro.

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A PF está investigando os envolvidos no esquema. Entre as medidas adotadas, por exemplo, incluiu diligências nas redes sociais e a presença em cultos liderados por Roger Araújo para verificar a prática dos crimes. Além disso, as investigações também miram o vereador Marquinhos Bacellar, atual presidente da Câmara Municipal de Campos, que estaria buscando a reeleição com o apoio dos religiosos. A delegada Madeleine Dykeman, candidata à prefeitura de Campos, também figura como uma das beneficiadas pelo esquema.

O caso ganhou repercussão nas redes sociais. Os envolvidos, portanto, podem ser responsabilizados por corrupção eleitoral, caso as denúncias sejam confirmadas durante o andamento das investigações.