Eliminação vertical do HIV: Campos recebe visita técnica do Ministério da Saúde

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) recebeu, nessa quarta-feira (31), a Equipe Nacional de Validação do Ministério da Saúde. A visita técnica, portanto, faz parte do processo de Certificação da Eliminação da Transmissão Vertical do HIV, ao qual o município pleiteia. Além disso, os técnicos foram recebidos pelo secretário da pasta, Paulo Hirano, e por integrantes das subsecretarias de Vigilância em Saúde e Atenção Primária à Saúde.

A reunião ocorreu no auditório do Conselho Municipal de Saúde. Também participaram da visita representantes da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES/RJ).

Processo para certificação na categoria Prata

O processo para certificação na categoria Prata começou em março deste ano. Este processo baseia-se nos serviços executados nos anos de 2021 e 2022. Como resultado, o município alcançou indicadores de impacto, incluindo testes no pré-natal e cobertura de gestantes infectadas com HIV usando terapia antirretroviral.

A certificação depende da avaliação de dados epidemiológicos, assistenciais e de direitos humanos. Ela reflete a qualidade da assistência no pré-natal, parto, puerpério e seguimento da criança. Além disso, a certificação reconhece o trabalho da rede pública de saúde na eliminação da transmissão vertical do HIV.

“São duas equipes, uma do Ministério da Saúde e outra da Secretaria de Estado de Saúde para fazerem a avaliação relacionada à diminuição do HIV na cidade. É muito importante falar sobre essa transmissão vertical do HIV, que se dá da mãe ao bebê. Ou durante a gestação, ou durante o trabalho de parto. Lembrar que quando falamos em transmissão vertical, também falamos das doenças que acompanham o HIV, que é a hepatite B, a sífilis. A gente tem que envidar todos os nossos esforços para que possamos bloquear essa transmissão. Isso passa pela assistência a um pré-natal adequado, que todas as gestantes sejam visualizadas nesse sentido, que tenham essa abordagem. Hoje temos 66 polos de pré-natal, então, a gestante tem a oportunidade de ser ajustada com número de consultas adequadas, com todos os exames necessários, como também todas as ultrassonografias necessárias. É importante que toda gestante busque uma das nossas unidades de saúde para que entre neste protocolo da identificação”, ressaltou Hirano.

Campos apresenta dados de HIV ao Ministério da Saúde

O coordenador do Programa Municipal DST/Aids e Hepatites Virais, Rodrigo Rodrigues de Azevedo, apresentou os dados municipais aos técnicos da Secretaria de Vigilância e Ambiente do Ministério da Saúde: Leonor de Lamoy, Grasiela Araújo, José Boullosa e Silvia Aloia.

“A gente já passou por todo o processo burocrático, que incluiu a análise de documentos. Agora, o Ministério da Saúde está averiguando como é a dinâmica do atendimento no município”, explica Rodrigo. Ele ressalta que a certificação demonstra que o município está testando, adotando boas práticas e organizado para erradicar a transmissão vertical do HIV.

Os técnicos também realizaram visitas à Subsecretaria de Vigilância em Saúde (SUBVS), Subsecretaria de Atenção Primária em Saúde (APS), ao Programa Consultório na Rua, à Unidade Básica de Saúde da Família do Parque Aldeia, ao Laboratório do Hospital Geral de Guarus (HGG), à Casa Irmãos da Solidariedade e Centro de Doenças Infecto-Parasitárias (CDIP). Nesta quinta-feira (1), aconteceu a visita à maternidade do Hospital Plantadores de Cana (HPC) e a reunião de encerramento.

Prevenção de transmissão vertical

Infectologista e diretor de Vigilância em Saúde, Rodrigo Carneiro, explicou que desde o início da nova gestão, notaram-se lacunas no segmento de pacientes com HIV. A principal lacuna identificada foi a prevenção da transmissão vertical da infecção pelo vírus HIV.

“Todas as mulheres em idade fértil devem ter a orientação, principalmente aquelas que engravidam, de que precisam passar por testes de rastreio. Portanto, o município adotou diversas estratégias. A principal delas é a descentralização da testagem nas Unidades Básicas de Saúde. Assim, podemos abranger a maior parte do município, testar as gestantes e pessoas com atitudes de risco. Além disso, a identificação precoce do vírus HIV é importantíssima e fundamental para que possamos diminuir a transmissão materno-infantil”, disse Rodrigo Carneiro.

A equipe de saúde realizou capacitações em todos os níveis de atendimento do município. Tanto das Unidades Básicas de Saúde quanto das Unidades Pré-Hospitalares (UPHs) e dos hospitais. Essa ação aumentou a oportunidade para que os cidadãos façam os testes anti-HIV.

Campos próximo de certificação contra HIV em crianças

A psicóloga Sandra Filgueiras, que atua na Gerência HIV da SES, falou sobre a importância da certificação. “Esse processo de certificação é uma ação de saúde extremamente importante para o público do HIV e para exercer o direito que as pessoas têm de viver sem HIV, porque existem milhões de tecnologias que hoje podem evitar que as pessoas nasçam com o HIV. Então, se o serviço funcionar como deve funcionar, a gente consegue fazer com que nenhuma criança nasça com HIV. A gente está aqui para isso, e o município de Campos tem indicadores que estão sugerindo essa direção. É muito provável que Campos consiga essa certificação de nenhuma criança nascer com o HIV”, disse.

Pelo estado do Rio estão pleiteando a certificação Campos, de Itaperuna, Volta Redonda e Itaboraí. A cerimônia de certificação está prevista para acontecer no mês de novembro, em Brasília. São elegíveis municípios com mais de 100 mil habitantes e que atendam a critérios estabelecidos no Guia de Certificação da Eliminação da Transmissão Vertical de HIV e/ou Sífilis, em consonância com a Organização Pan-Americana da Saúde e Organização Mundial da Saúde (OMS).