A morte de uma idosa, na última terça-feira (3), por suspeita de picada de aranha marrom, em São Francisco de Itabapoana, gerou críticas ao sistema de saúde do município, no norte do Estado do Rio de Janeiro. Moradores apontam precariedade, relatando constante ausência de médicos e até falta de combustível para as ambulâncias – que são apenas duas para atender a um município com 1.118 km2 de área.

Recém-ampliado pela prefeita Francimara Barbosa Lemos, o Manoel Carola – na localidade de Ponto de Cacimbas – resume bem a atual situação, se comparado aos relatos: “A bela fachada contrasta com problemas internos que são motivo de muitas críticas. Faltam insumos básicos, profissionais e cirurgias estão sendo canceladas porque o elevador interno não está funcionando”, pontua um dos reclamantes.

O secretário de Saúde, Sebastião Campista, diz que as críticas não têm sentido e atribui que possam ter sido geradas por falta de conhecimento sobre investimentos que o governo vem fazendo na rede municipal de saúde: “O quadro de profissionais foi ampliado e temos toda preocupação para que não faltem insumos”.
O caso da idosa Racineia Soares Monteiro, que teria sido picada por uma aranha marrom; ela tinha 70 anos, deu entrada no Manoel Carola no último domingo (1), queixando-se de uma crise alérgica e dores nas costas. Familiares informam que a paciente foi atendida e liberada, mas retornou na segunda-feira (2). Internada, acabou falecendo na terça-feira (3).
De acordo com protocolo padrão para atendimento a casos de picada de aranha peçonhenta, é necessário que a vítima seja atendida imediatamente na unidade de saúde mais próxima. O médico deve receitar medicamentos como analgésicos e anti-histamínicos para tratar espasmos musculares, dores e coceiras resultantes da picada. Em alguns casos, também é indicado o soro antiescorpiônico.
NOTA DA SECRETARIA – Sobre a morte da idosa, a secretaria relata, em nota, que a paciente inicialmente procurou atendimento no Manoel Carola, reclamando de crise alérgica e de dores nas costas, sem muita orientação, dizendo ter sofrido possível picada de animal, que poderia ser uma lagarta.
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“Em retorno na segunda-feira ao hospital, acompanhada de familiar, apresentava lesão característica na região torácica anterior, podendo ser compatível com lesão provocada por picada de aranha marrom; mas devido ter passado de 48h dos sintomas iniciais, não havia mais possibilidade de aplicar com eficácia o soro antiaracnídio”.
A nota diz, ainda, que somente após quatro dias do acidente, os familiares apresentaram foto de uma aranha, que poderia ter sido a causadora da picada na vítima. “A paciente não resistiu e veio a óbito e o corpo encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML) de Campos dos Goytacazes para fechar o diagnóstico de possível picada de aranha”. Sebastião Campista ressalta que somente após o resultado da perícia será possível definir a causa da morte.
Fonte: O Dia