Acusados de assassinar a vereadora Marielle Franco (PSOL) e o motorista Anderson Gomes, em 14 de março de 2018, os ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz vão a júri popular, na próxima quarta-feira. A audiência, prevista para começar às 9h, no entanto, será no 4º Tribunal do Júri do Rio, no Centro da capital. Os réus participam do julgamento por videoconferência, a partir dos presídios onde estão.

Lessa confessou ser autor dos disparos
A dupla está presa desde 12 de março de 2019, pouco antes dos homicídios completarem um ano, e já confessou a participação no crime. Lessa admitiu ser o autor dos disparos, dos quais quatro atingiram a vereadora. Foi ele que, em delação premiada à Polícia Federal — assinada em fevereiro deste ano e homologada em março —, indicou como mandantes do assassinato de Marielle os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão — conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ) e deputado federal (sem partido-RJ), respectivamente—; e o ex-chefe da Polícia Civil e delegado Rivaldo Barbosa como responsável por protegê-los. Os três foram presos em março deste ano, mas todos negam as acusações.

Nesta semana, serão ouvidas nove testemunhas, sendo a principal delas a então assessora da vereadora, Fernanda Chaves. Ela estava no carro no momento do ataque e foi a única sobrevivente naquele 14 de março. Outros dois depoimentos serão de testemunhas de defesa de Lessa. Um, portanto, será o agente federal Marcelo Pasqualetti e o outro, delegado Guilhermo de Paula Machado Catramby, da Polícia Federal. Ambos foram ouvidos nas audiências de instrução no Supremo Tribunal Federal (STF), na ação penal que apura o caso. Na ocasião, no entanto, eles falaram sobre a falta de investigação por parte da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). O órgão é responsável pelo inquérito da morte da vereadora, quanto aos casos envolvendo a contravenção e as milícias.
Réus respondem por duplo homicídio triplamente qualificado
Os réus respondem por duplo homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, emboscada e recurso que dificultou a defesa da vítima). Além disso, pela tentativa de homicídio contra Fernanda Chaves. As defesas dos dois réus esperam que, com as colaborações, o Conselho de Sentença ( isto é, os jurados) aplique uma pena “justa”.
— O empenho no último ano dos órgãos de investigação, somado à colaboração de Lessa, esclareceu as dúvidas que pairavam nesses longos seis anos de investigação. Quem matou Marielle e Anderson e quem mandou matar? Em decorrência disso, espera-se a condenação de um réu confesso, mas de uma forma justa. Considerando todo seu esclarecimento sobre os fatos desde a motivação até o cometimento do crime — afirma o advogado de Lessa, Saulo Augusto Carvalho.
Fonte: Extra